quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Morto o bicho, acaba-se a peçonha

Existe uma espécie no mundo animal que é muito frágil. É a espécie mais dependente de toda a natureza. Os bichinhos dela demoram quase um ano para nascer e depois, por mais três, a única maneira de sobreviverem é com a ajuda de um semelhante, de preferência sua mãe. Mesmo depois de três anos de vida, os pobres animais só sobrevivem digna e decentemente se um outro estiver sempre por perto. Porém, se forem bem cuidados, podem viver em média 80 anos.

Esse bichinho nasce pequeno e sensível, muitas vezes sem pêlo algum. Em seus primeiros anos ele sente muito frio e, por isso, precisa ser enrolado numa espécie de casulo que é feito e refeito por sua mãe todos os dias. A mãe deve ser muito atenciosa ao filhote, pois qualquer mero problema pode causar a morte do pequeno muito rapidamente.

Essa espécie não tem garras e nasce sem dentes, eles só surgem depois de pelo menos um ano de vida e isso faz com que eles, em seus primeiros meses, só comam um tipo de papa feita por aqueles que os criam. Seus dentes nascem aos poucos e a arcada é muito frágil, por isso começa a ser trocada por volta de sete anos. Depois dos 50, eles voltam a cair. A espécie também não anda no primeiro ano e só consegue caminhar perfeitamente depois de dois. Também só depois desse tempo consegue comunicar-se bem com seus semelhantes, antes disso apenas emite sons ininteligíveis.

É um animal muito temperamental. E, talvez por ser muito depende fisicamente de seus semelhantes nos primeiros anos, se torna muito dependente emocionalmente em TODOS os outros anos. A maioria deles só anda em grupo e precisa da aprovação dos outros para tudo que faz. Os que, por algum motivo, não tomam essa atitude, costumam ficar escondidos, e são de difícil acesso e estudo. Vivem à margem do bando e, como se tivessem alguma anormalidade, não são bem aceitos entre os outros.

Em média, entre os 13 e os 20 anos de vida começam a procurar por parceiros. Entre os 20 e os 30 já tiveram (ou têm) vários parceiros. Entre os 30 e os 40 tentam se estabilizar com apenas um. Dos 40 aos 50 pode variar, alguns se mantém fiéis aos que já têm e outros tentam voltar aos tempos áureos dos 20. Dos 50 em diante são considerados “velhos” por seus semelhantes. Este é um momento muito singular que pode resultar em reclusão total, parcial, ou uma busca alucinada pelos atos da juventude passada. Alguns, ainda, nem tanto ao céu nem tanto à terra, conscientes de suas restrições físicas, mantém uma vida ativa, sem, no entanto, exagerar demais. Alguns, como os elefantes, para não atrapalhar a vida do grupo, morrem sozinhos, mas nem sempre por opção própria.

(Espécie ingrata, você pensará. Passou grande parte de sua vida dependendo de mais velhos. E quando estes estão “velhos demais”, os levam para lugares distantes e os abandonam... Mas não entraremos em reflexões sobre a espécie em questão. Isto deve ser abordado em outro texto. Voltemos à fisiologia do grupo...)

Pode-se pensar que esta frágil espécie corre sério risco de extinção. Mas não exatamente. Não se sabe ao certo o porquê. Talvez por não haver predadores. E é aí que chegamos a um ponto crucial. Sem ser presa, a espécie tão sensível se tornou predador. Não de uma ou algumas espécies como acontece na cadeia alimentar, mas de todas. Inclusive dela própria. E o que é mais interessante; não matam apenas para comer.

Preocupada em viver bem e manter sua aparência - algo muito importante para a vida em bando e a conquista de parceiros – a espécie começou a procriar cada vez mais tarde, chegando a parar de procriar. É espalhada por todo o globo e em todo ele utilizou-se da natureza sem nenhum limite. Hoje percebe o quão problemático isso se tornou.

Logo ela, uma espécie tão dependente, está matando seus recursos e, pela primeira vez na história da natureza, um animal pode causar sua própria extinção. Ferido por eles, o planeta e as outras espécies ficaram muito debilitados. Mas se esta espécie for extinta, decorrido alguns anos, estudiosos crêem que tudo voltará ao seu devido lugar. Já dizia o ditado; “morto o bicho, acaba-se a peçonha”. A natureza consegue se refazer sozinha, mas não conseguirá refazer a antiga espécie. Coitados, tão frágeis. Os seres mais dependentes de toda a natureza - em todos os sentidos que a frase pode ter. Os seres humanos.

terça-feira, 13 de maio de 2008

Pensamento...

(...)

"Isso não lhes embrulha o estômago; já estão habituados... A princípio, deixaram cair a sua lágrima; depois, com o tempo, veio o hábito. O homem é patife, conforma-se com tudo"
(Pensamento de Raskólnikov em "Crime e Castigo", Dostoiévski)

domingo, 11 de maio de 2008

Auto-promoção

http://www.uff.br/enfoque_uff

Notícia de estudante da UFF, para estudante da UFF (ou aspirante a...).

quinta-feira, 8 de maio de 2008

Os ombros suportam o mundo...

Chega um tempo em que não se diz mais: Meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.

Tempo em que não se diz mais: meu amor.

Porque o amor resultou inútil.

E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.
Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.

Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.

E nada esperas de teus amigos.
Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teus ombros suportam o mundo

e ele não pesa mais que a mão de uma criança.

As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios

provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo

prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 6 de maio de 2008

Abobrinha Relativa

Na vida tudo é relativamente relativo... Até a relatividade é relativa.
Porque não se pode relativizar tudo o tempo todo, sobre alguma coisa você tem que ser paradigmático.
Quer dizer... Depende. Porque o que para você é um paradigma, pra uma outra pessoa pode não ser.
Mas então nada é? Tudo "pode ser" e "pode não ser"?
Não sei... Eu não tenho respostas... Apenas perguntas...
Mas penso (aliás, eu não, muita gente...) que muitas certezas que eram absolutas em uma época, passaram a se tornar piada numa outra.
Coisas clichês, da época das grandes navegações, por exemplo, como a Terra ser quadrada, o Sol girar em torno de nós, e os monstros do mar (desse eu ainda desconfio... Afinal, e as lulas gigantes??).
Como já dizia o segundo, terceiro, - sei lá em qual posição ele tá agora - homem mais rico do mundo, Bill Gates, "Tudo que hoje existe, um dia foi algo inimaginável", bem... Não exatamente com essas palavras (preciso de um remédio pra memória...)...
O que eu quero dizer, é que o mundo é feito de opiniões. "Pão ou pães é questão de opinães", diz a tão conhecida frase do Grande Sertão. E opiniões podem (em alguns casos devem) mudar.
As certezas, bom, elas existem sim, só que temporariamente. Pode ser um tempo curto, ou longo, mas grande parte é temporária. Analise.
O que se aprende hoje na escola, como "certeza didática", vamos dizer, há uns 20 anos era diferente. Em alguns casos, completamente diferente. E não se engane, o que se aprenderá daqui a mais 20 também será diferente. E seus filhos zombarão de você, dizendo: "Ai pai, você realmente pensava isso? Isso é um absurdo!" ou ainda, na área da tecnologia (ô areazinha pra ter certezas mudadas constantemente...), "Você assistia TV de plasma?? Que ultrapassado... Não sei como vocês conseguiam sobreviver naquela época...".
E guerras são feitas por certezas (O Bush tinha certeza de que havia armas de destruição em massa no Iraque... E todo mundo tem certeza de que isso era mentira, mas os iraquianos e os soldados americanos continuam morrendo, mesmo que suas mortes tenham se tornado tão banais que, infelizmente, não sejam mais notícia...), pessoas morrem por certezas (O Hitler tinha certeza de que ele e toda a "raça ariana" (e põe muitas aspas nisso) eram as melhores pessoas do mundo, e que por isso deviam controlá-lo, e que, portanto, deveriam morrer: os judeus, os negros, os gays, os ciganos, os curdos...), amigos e amores se perdem por certezas ("tenho certeza de que foi ele, me contaram..." pera lá, se te "contaram" como você pode ter certeza?...)
E nem vamos entrar nas certezas da medicina...
Bem... Onde eu quero chegar com isso tudo... Em lugar nenhum, pois é apenas a minha opinião... Que por ser minha, é relativa...
Só acho que sim, devemos lutar pelos nossos valores, pelo que acreditamos, mas temos que tomar cuidado nesse caminho, e sempre dar espaço à tolerância, a ouvir o que o outro tem a dizer, pois talvez a certeza dele seja mais certa que a sua... Ou talvez as duas se completem...
Só me diz, se você parar para ouvir... Apenas ouvir... O que tem a perder?


“Relativity” de M. C. Escher (1953)

segunda-feira, 5 de maio de 2008

domingo, 4 de maio de 2008

Abobrinha aleatória...

Já dizia alguém - que, é claro, eu não me lembro quem é - "O amor é o mesmo que a amizade, só que com momentos eróticos".
É, em parte sim. Mas acho que vai muito além disso. Pelo menos no meu caso.
Sim, ele é meu amor e meu amigo. Mas amar, é uma coisa maior, bem maior.
Dizia então Vinícius - e esse eu não posso esquecer - "A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade"
Realmente... Isso é uma verdade. E a gente tenta se controlar... Guarda-lo dentro de nós... Mas às vezes o sentimento infantil de: "MEU", fala mais alto.
Não é por mal... E não diz respeito a amigos (ou amigAs), ou qualquer outra coisa desse gênero... Não, isso não. Nada a ver.
É medo de que a grama do vizinho pareça mais verde, e dê vontade de pular a cerca (com perdão do trocadilho) e ir lá dar uma espiada... Sei lá...
Acho que ciúme, na verdade, é mais medo de perder do que de ser traído. Porque se alguém chega ao ponto de te trair, é porque você já o perdeu há algum tempo...
E... Bom... A gente se apega ao que acha que é, de certa forma, da gente.
Porque o meu amor é muito mais do que só meu amigo...
É também meu guardião, meu guarda-costas, o que me faz sentir segura quando parece que todo o mundo vai desabar nos meus ombros.
É meu mascote, meu bichinho, aquele em quem eu gosto de fazer cafuné.
É meu animador de festa particular, que é capaz de me fazer sorrir em qualquer situação.
É o homem que mais me atrai...
E sim, eu sou egoísta. E se é meu namorado, é meu namorado.
E isso tudo aqui, na realidade, não tem motivo sério algum...
Não é porque eu não confio em você, pelo contrário, e confio plenamente em você (o que me assusta às vezes).
Não é que eu ache que você me traiu / trai / trairá, não... Não creio que você faria isso comigo...
Não é que eu pense que você vai me deixar... Eu nem imagino algo desse tipo.
Ou que você tenha feito algo de errado, não... A culpa não é especificamente sua...
A verdade é que algumas coisas que aconteceram me fizeram refletir o que eu faria se não tivesse mais você...
E eu... Realmente não sei...
Não é que minha vida se resuma a você. De forma alguma. Isto seria doideira. Psicopatia minha, e uma carga gigantesca em seus ombros.
É que eu realmente me apaixonei por você já faz um bom tempo... E se viesse a te perder, não quereria um novo amor tão cedo.
Não concebo muito bem esta de se trocar o destinatário do "te amo" como se troca de jeans.
E tantas coisas no meu dia-a-dia me lembram você...
Este texto sem sentido, eu nem sei pra quê existe... Eu só estava de frente pro computador, colocando os pensamentos em ordem, e o bloco de notas me pareceu um bom artifício para isso...
E como o meu blog é recheado de abobrinhas... Bem... Mais uma, menos uma...

sábado, 3 de maio de 2008

Culto à ignorância

"Conhecer Saramago é um pecado de 5 círculos, e pior ainda é entender expressões dantescas, sim, é dantesca a erudição dos que ouvem Chopin"

Melhor texto que eu já li do Calil.
(E olha que ele me faz ler muitos textos dele... =P ...Mas é apenas minha reles opinião... )

Aos que interessar:

http://blogdocalil.blogspot.com/
Sonhe com aquilo que você quiser.
Seja o que você quer ser, porque você possui apenas uma vida, e nela só se tem uma chance de fazer aquilo que se quer.
Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.
As pessoas mais felizes não têm as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades que aparecem em seus caminhos.
A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam.
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem a importância das pessoas que passam por suas vidas.
O futuro mais brilhante é baseado num passado intensamente vivido.
Você só terá sucesso na vida quando perdoar os erros e as decepções do passado.
A vida é curta, mas as emoções que podemos deixar duram uma eternidade.
A vida não é de se brincar porque, um belo dia, se morre.

(Clarice Lispector)

sexta-feira, 2 de maio de 2008

...

♪♪ Well I believe there's someone watching over you
They're watching every single thing you say
And when you die they'll set you down and take you through
You'll realize one day

That the grass is always greener on the other side
The neighbour's got a new car that you wanna drive
And when time is running out you wanna stay alive

We all live under the same sky
We all will live we all will die
There is no wrong, there is no right
The circle only has one side
One side, one side, side

We all try hard to live our lives in harmony
For fear of falling swiftly overboard
But life is both a major and a minor key
Just open up the chord

But the grass is always greener on the other side
The neighbour's got a new car that you wanna drive
And when time is running out you wanna stay alive

We all live under the same sky
We all will live we all will die
There is no wrong, there is no right
The circle only has one side
One side, one side, side

But the grass is always greener on the other side
The neighbour's got a new car that you wanna drive
And when time is running out you wanna stay alive

We all live under the same sky
We all will live we all will die
There is no wrong, there is no right
One side

But the grass is always greener on the other side
The neighbour's got a new car that you wanna drive
And when time is running out you wanna stay alive

We all live under the same sky
We all will live we all will die
There is no wrong, there is no right
The Circle only has one side
one side, one side, one side, one side... ♪♪

(Side - Travis)

Photoshopper


I confess...
o/
I'm a photoshopper too...
=P

terça-feira, 29 de abril de 2008

Semioticamente falando...

Todo ovo
que eu choco
me toco
de novo.
Todo ovo
é a cara
é a clara
do vovô.
Mas fiquei
bloqueada
e agora
de noite
só sonho
gemada.
A escassa produção
alarma o patrão.
As galinhas sérias
jamais tiram férias.
"Estás velha, te perdôo
tu ficas na granja
em forma de canja"
Ah!!!
É esse o meu troco
por anos de choco
dei-lhe uma bicada
e fugi, chocada
quero cantar
na ronda
na crista
da onda
pois um bico a mais
só faz mais feliz
a grande gaiola
do meu país.

(A Galinha - Os Saltimbancos)
Chico Buarque


Mó crítica à exploração da mão-de-obra.

terça-feira, 22 de abril de 2008

"O homem é o único animal que sempre quer mais do que precisa"
Luis Fernando Veríssimo

domingo, 13 de abril de 2008

Tensão

As pessoas realmente nunca estão satisfeitas com o que têm. As loiras querem ser morenas, as morenas querem ser loiras. Os gordos querem ser magros, os magros acham que são magros demais, ou querem ser ainda mais magros.

A mulheres querem que os homens se importem mais, mas grudem menos. Tenham ciúme, mas não briguem por besteira. Sejam atenciosos, mas dêem mais espaço...
Os homens querem que as mulheres liguem menos, mas se parou de ligar, por quê? Andem lindas ao seu lado, mas nem tão lindas assim, que é pra não chamar atenção de outros. Falem menos, encham menos...
Os solteiros (as) querem namorar, os namorados querem voltar a serem solteiros.
As que têm um namorado doce querem que ele seja menos melado.
As que têm um namorado que não é dado a declarações reclamam que ele não demonstra seus sentimentos.
Os que têm uma namorada que liga sempre, o procura sempre, querem mais espaço.
Os que têm uma que espera que ele ligue, reclamam que são os únicos a tomar a iniciativa.

A gente estuda por mais de dez anos, e por três só pensa em vestibular. Quando passa, quer que a faculdade termine o mais rápido possível.
E nesse meio tempo, quer começar a estudar logo. Depois quer férias. Depois quer começar a estudar de novo. Depois quer férias mais uma vez...
Tem sede de começar a trabalhar, depois quer se aposentar o mais rápido possível...
E além de tudo, queremos um emprego que nos dê dinheiro, realização, felicidade e uma consciência tranqüila. Tudo ao mesmo tempo.

Quando a gente é novo, quer ser mais velho.
Quando a gente é velho, quer recuperar a juventude perdida…

Realmente não dá pra entender...
A gente passa toda a nossa vida querendo algo que não temos.
Quando conseguimos alcançar, contudo, não nos damos por satisfeitos. Encontramos, o mais rápido possível, um outro objetivo semi-inalcançável para ficar buscando, e se lamentando por não conseguir obtê-lo.
A sociologia chama essa sensação de tensão, algo natural. ["(...) nas suas relações com as forças dentro do meio elas nunca atingem um estado de estabilidade absoluta.(...) Essa instabilidade produz tensão. (...) um indivíduo que, atingindo uma meta específica, reduz a tensão que teve início quando da sua ação rumo à meta, não consegue ficar satisfeito por isso" - FEARING, Franklin. "A comunicação humana". Comunicação e Indústria Cultural, org. Gabriel Cohn]
Eu acho loucura viver assim...
Mas será que dá pra fugir dessa sina??
Não sei... Mas vale tentar se satisfazer com a felicidade que temos em nossas mãos. Não digo se tornar estático, não almejar mudanças. Não. É claro que não. Apenas não deixar que os mil planos e desejos para o futuro nos impeçam de viver o presente. E que a "insatisfação" com o que se tem não nos cegue a ponto de não notarmos que o que está ao nosso lado, ao nosso alcance, pode nos fazer tão ou mais feliz quanto tanto desejamos.


E conta a história, que perguntaram ao Dalai Lama:
"O que mais te surpreende na Humanidade?"
E ele respondeu:
"Os homens... Porque perdem a saúde para juntar dinheiro, depois perdem dinheiro para recuperar a saúde. E por pensarem ansiosamente no futuro, esquecem do presente de tal forma que acabam por não viver nem o presente nem o futuro. E vivem como se nunca fossem morrer... e morrem como se nunca tivessem vivido"

segunda-feira, 24 de março de 2008

...

Navegue, descubra tesouros,
mas não os tire do fundo do mar, o lugar deles é lá.

Admire a lua, sonhe com ela,
mas não queira trazê-la para a terra.

Curta o sol, se deixe acariciar por ele,
mas lembre-se que o seu calor é para todos.

Sonhe com as estrelas,
apenas sonhe, elas só podem brilhar no céu.

Não tente deter o vento, ele precisa correr por toda parte,
ele tem pressa de chegar sabe-se lá onde.

Não apare a chuva, ela quer cair e molhar muitos rostos,
não pode molhar só o seu.


As lágrimas?
Não as seque, elas precisam correr na minha, na sua, em todas as faces.

O sorriso?
Esse você deve segurar, não o deixe ir embora, agarre-o!

Quem você ama?
Guarde dentro de um porta-jóias, tranque, perca a chave!

Quem você ama é a maior jóia que você possui,
a mais valiosa.

Não importa se a estação do ano muda, se o século vira, se o milênio é outro, se a idade aumenta...

Conserve a vontade de viver,
não se chega à parte alguma sem ela.

Abra todas as janelas que encontrar e as portas também.
Persiga um sonho, mas não o deixe viver sozinho.
Alimente sua alma com amor, cure suas feridas com carinho.
Descubra-se todos os dias, deixe-se levar pelas vontades,
mas não enlouqueça por elas.


Procure, sempre procure o fim de uma história,
seja ela qual for.

Dê um sorriso para quem esqueceu como se faz isso.
Acelere seus pensamentos,
mas não permita que eles te consumam.

Olhe para o lado, alguém precisa de você.

Abasteça seu coração de fé, não a perca nunca.
Mergulhe de cabeça nos seus desejos e satisfaça-os.
Agonize de dor por um amigo,
só saia dessa agonia se conseguir tirá-lo também.

Procure os seus caminhos,
mas não magoe ninguém nessa procura.


Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!
Não se acostume com o que não o faz feliz,
revolte-se quando julgar necessário.

Alague seu coração de esperanças,
mas não deixe que ele se afogue nelas.


Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que deve seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a.
Se perder um amor, não se perca!
Se achá-lo, segure-o!

Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala.

O mais é nada.

Fernando Pessoa

sexta-feira, 21 de março de 2008

Os rapazes de Liverpool


Os Beatles foram a única banda em toda a história da música a conseguir seis álbums de diamante. São eles: Sgt. Pepper, Abbey Road, The Beatles 1962-1966, The Beatles 1967-1970, The White Album, The Beatles 1. Nem o Led Zeppelin alcançou esta marca, ficaram em vice, com cinco.
Todo esse sucesso pode ser compreendido ao ouvir uma única música que seja da banda. É impossível encontrar alguém que não goste de pelo menos uma canção do grupo. Sucessos como Help!, Let it be, Come together, I want to hold your hand, In my life, Lucy in the sky with diamonds, Penny Lane, While my guitar gentle weeps, All My Loving, Yesterday, e muitos outros, embalaram toda uma geração e muitas outras seguintes. As músicas dos Beatles têm alma, tanto em sua letra quanto na melodia.
E há quem diga que em uma banda com John Lennon, Paul McCartney e George Harrison o bateirista podia ser qualquer um, era só escolher outro cabeludinho. Mas Ringo Starr não era só mais um carinha simpático de cabelo nos olhos, ele trouxe muita inovação. Ringo foi o primeiro bateirista a tocar acima dos demais integrantes da banda, como que num palco só dele. E sua forma de tocar foi uma grande novidade para a música da época.
O primeiro disco lançado foi Love me Do, em 1962, com a ajuda do empresário Brian Epstein, que havia descoberto o grupo um ano antes num pub chamado Cavern. O som do Fab Four fez muito sucesso pelas letras marcantes e o som inovador com uma guitarra forte.
O rock nunca mais foi o mesmo depois dos Beatles. E os Beatles nunca mais foram os mesmos depois de tanta fama. Os garotos de Liverpool que haviam se unido no final da década de 50, deram por terminado o sonho em 1970, depois do último disco, Let it be. A crise começou por causa de divergências empresariais e conflitos de vaidade. Estrelas demais, espaço de menos. O resultado foi a separação traumática para os Beatlemaníacos. John Lennon seguiu carreira solo com a ajuda de Yoko Ono, sua esposa, mas teve seus planos interrompidos em 1980 ao ser assassinado por um fã em Nova York.
Apesar da separação e das carreiras solo seguidas por cada um dos quatro, os fãs continuaram fãs, e novos fãs surgiram. O som dos Beatles continua contagiante mesmo sem ter tido continuidade.

Um pouco mais sobre a vida dos rapazes de Liverpool:
- Paul McCartney nasceu em 18 de junho de 1942 e ainda segue carreira solo.
- John Winston Lennon nasceu em 9 de outubro de 1940 e foi morto com 5 tiros, no dia 8 de dezembro de 1980, quando retornava ao Edifício Dakota, em Nova York, por um "fã" que, pouco tempo antes, tinha lhe pedido um autógrafo.
- Richard Starkey Jr., o Ringo Starr, nasceu em 7 de julho de 1940, e assim como Paul, também seguiu carreira solo.
- George Harrison nasceu em 25 de fevereiro de 1943 e morreu vítima de câncer em 29 de novembro de 2001, em Los Angeles.




When I find myself in time of trouble
Mother Mary comes to me
Speaking words of wisdom, let it be...
And in my hours of darkness
She's standing right in front of me
Speaking words of wisdom, let it be...
Let it be, let it be, let it be, let it be
Whisper words of wisdom, let it be...

And All the broken hearted people
Living in the world agree
There will be an answer, let it be...
For though they may be parted
There is still a chance that they will see
There will be an answer let it be...
Let it be, let it be, let it be, let it be
There will be an answer, let it be...

Let it be, let it be, let it be, let it be
Whisper words of wisdom, let it be...

Let it be, let it be, let it be, let it be
Whisper words of wisdom, let it be...
And when the night is cloudy
There's still a light that shines on me
Shine until tomorrow, let it be...
I wake up to the sound of music
Mother Mary comes to me
Speaking words of wisdom, let it be...
Let it be, let it be, let it be, let it be
There will be an answer, let it be...
Let it be, let it be, let it be, let it be
Whisper words of wisdom, let it be...

The Beatles - Let It Be
Autoria: John Lennon e Paul McCartney

quinta-feira, 6 de março de 2008

Ouro de Tolo

Eu devia estar contente
Porque eu tenho um emprego
Sou um dito cidadão respeitável
E ganho quatro mil cruzeiros por mês

Eu devia agradecer ao Senhor
Por ter tido sucesso na vida como artista
Eu devia estar feliz
Porque consegui comprar um Corcel 73

Eu devia estar alegre e satisfeito
Por morar em Ipanema
Depois de ter passado fome por dois anos
Aqui na Cidade Maravilhosa

Ah! Eu devia estar sorrindo e orgulhoso
Por ter finalmente vencido na vida
Mas eu acho isso uma grande piada
E um tanto quanto perigosa

Eu devia estar contente
Por ter conseguido tudo o que eu quis
Mas confesso abestalhado
Que eu estou decepcionado

Porque foi tão fácil conseguir
E agora eu me pergunto: E daí?
Eu tenho uma porção de coisas grandes
Pra conquistar, e eu não posso ficar aí parado

Eu devia estar feliz pelo Senhor
Ter me concedido o domingo
Pra ir com a família ao Jardim Zoológico
Dar pipoca aos macacos

Ah! Mas que sujeito chato sou eu
Que não acha nada engraçado
Macaco praia, carro, jornal, tobogã
Eu acho tudo isso um saco

É você olhar no espelho
Se sentir um grandessíssimo idiota
Saber que é humano, ridículo, limitado
Que só usa dez por cento de sua cabeça animal
E você ainda acredita que é um doutor, padre ou policial
Que está constribuindo com sua parte
Para nosso belo quadro social

Eu que não me sento
No trono de um apartamento
Com a boca escancarda cheia de dentes
Esperando a morte chegar

Porque longe das cercas embandeiradas que separam quintais
No cume calmo do meu olho que vê
Assenta a sombra sonora de um disco voador...

Raul Seixas

terça-feira, 4 de março de 2008

O número 8 por favor!


E o que será que faz a gente continuar a comer no McDonald's??
É simplesmente um absurdo... A gente sabe que faz mal, sabe que a meleca do hamburger nunca foi carne na vida, e o sanduíche nem é realmente bom... Mas se alguém fala assim, "ah, vou comer no McDonald's..." Você não resiste. Se não comer junto, pelo menos rouba uma de suas batatas. Da casquinha já abdiquei. Casquinha só no Bob's. (Grande diferença...)
E eu sei lá o que que aquele lugar tem. Vai ver eles venderam a alma pro demônio. Bom, isso com certeza. Quer dizer, pro demônio do capitalismo né?? Porque tem McDonald's até na Índia!!! Ora, é pra isso que existe McChicken e McFish!!! Para as pessoas que consideram a vaquinha sagrada... Pobres de nós reles mortais. Aquele hamburger nunca foi uma vaquinha... E comprar salada, água de coco ou maçã com os dois aros dourados... Isso eu não vou nem comentar...
Eu juro, quando era criança não achava a menor graça nessa lanchonete. E aquele tal de Ronald me dava maior medo. Acho que era por causa de minha mãe... Ela nunca teve costume de me levar lá. Vai saber o que aconteceu comigo no meio do caminho da minha vida e eu me perdi dessa maneira... E olha que eu assisti Super Size Me hein!!!?? Tudo bem que Super Size é extremamente absurdo... Pra comer assim, só sendo um monstro... Ou americano... (Um tanto quanto redundante né!!?? Mas não vamos generalizar assim...)
Mas quem ouve (ou lê, neste caso), até acha que eu como lá todo dia... Na verdade, não. Devo comer essas McPorcarias umas duas ou três vezes por ano, no máximo. Prefiro muitas outras porcarias que não são de lá. Insisti com meus colegas que queria pizza... (É melhor sim viu!!??) Mas eles não quiseram... Que posso fazer... (Quando não quiser admitir sua própria culpa, culpe as más companhias, mesmo que elas não sejam tão más assim... Quase sempre dá certo... Analise só)
Não estou aqui para julgar a ninguém. Não me sinto capaz nem de julgar a mim mesma... Mas o que eu realmente não consigo compreender, é o que sempre se vê. Como alguém pode jantar com uma criança de 3 ou 4 anos no Donald's??? Isso é uma agressão ao cérebro, e a todos os outros órgãos do corpo.
Quer dizer, eu tenho 18 anos... Não sou dona de mim (nem maior, já que eu tenho um metro e meio), mas já sei mais ou menos o que quero... Se eu quiser me estragar, ora, o corpo é meu... Quem vai morrer mais rápido e cheia de complicações, além de feios defeitos corporais sou eu... Mas por favor, resista aos pedidos do seu filho de lhe dar um Mclanche (feliz??) com uma coca média sempre que vocês forem ao cinema.
Porque se não ele vai ter que começar a aprender a comer (só) legumes e verduras quando chegar aos 15. Logo essa que é a melhor fase para se comer besteira. E se você, aos 15, conseguir resistir a essas tentações, parabéns!!! Você chegará aos 25 em muito boa forma e provavelmente bastante saudável!!!
E se você chegar aos 25 sem nunca ter sucumbido a nenhuma das inúmeras opções da tentação vermelha e amarela... Por favor, meu msn é iane_inhame@hotmail.com. Adicione-me. E me conte como.

domingo, 2 de março de 2008

JOSÉ

E agora, José?
A festa acabou, a luz apagou,
o povo sumiu, a noite esfriou,
E agora, José? E agora, Você?
Você que é sem nome, que zomba dos outros,
Você que faz versos, que ama, protesta?
e agora, José?

Está sem mulher, está sem discurso,
está sem carinho, já não pode beber,
já não pode fumar, cuspir já não pode,
a noite esfriou, o dia não veio,
o bonde não veio, o riso não veio,
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, José?

E agora, José?
sua doce palavra, seu instante de febre,
sua gula e jejum, sua biblioteca,
sua lavra de ouro, seu terno de vidro,
sua incoerência, seu ódio, - e agora?

Com a chave na mão quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar, mas o mar secou;
quer ir para Minas, Minas não há mais.
José, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse,
a valsa vienense,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, José!

Sozinho no escuro qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua para se encostar,
sem cavalo preto que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Carlos Drummond de Andrade

Brasil... Mostra a sua cara...

“Esse é o nosso navio negreiro, dizem que a viagem era bem assim. Só que ela só durava dois meses. E o principal, o navio ia terminar em algum lugar. Na escravidão a gente era tudo máquina, tudo máquina. Eles pagavam o combustível e a manutenção pra que a gente tivesse saúde, pra trabalhar de graça pra eles. Agora não. Agora é diferente. Agora a gente é escravo sem dono. Cada um aqui custa 700 paus pro estado. Por mês. Isso é mais do que três salários mínimos. Isso diz alguma coisa sobre esse país. O que vale… é ter liberdade pra consumir. Essa é a verdadeira funcionalidade da democracia”

Personagem de Lázaro Ramos, em cena dentro da cadeia, falando através das grades de uma cela super lotada. – “Quanto vale ou é por quilo?”

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

There was a barber and his wife, and she was beautiful...

*Nota: A você que ainda não viu o filme, não se preocupe, não contarei nada que comprometa a história. Tentarei dar minha opinão sem me aprofundar muito no que acontece no desenrolar da trama. Afinal, se eu contar não tem graça né?*


A foolish barber and his wife...

Trágico. Cômico. E muito, muito sangrento.
Sangue do tipo cor de guache, textura de ketchup e brilho de animação. Genialidades de Tim Burton que tá pra nascer quem vai conseguir fazer igual.
O cenário é perfeitamente construído. Londres traz toda a melcancolia, solidão acompanhada, e sujeira que se faz necessário. Os filtros são muito bem utilizados para provocar o clima ideal a quem assiste. Quase todo o filme é em tom azul acinzentado, que reflete a tristeza, a dor e a falta de perspectiva do personagem principal.
Em momentos de ataque de fúria e em que o personagem dá vazão a sua vontade de vingança, navalhas correm livremente nas carnes mais próximas e sangue escarlate esguicha em tudo à volta. Até você se sente ensagüentado quando sai do cinema. E a maquiagem é simplesmente absurda. Dá pra sentir toda a tristeza, solidão, insanidade e os tempos de prisão em cada traço do rosto do protagonista.
Johnny Depp é Benjamin Barker, um barbeiro ingênuo com lindas esposa e filha que, depois de ser mandado injustamente à prisão e passar quinze anos longe de sua casa e família, torna-se Sweeney Todd, o barbeiro demoníaco da rua Fleet, cego por sangue e vingança.
Assim que volta a Londres, Todd cruza o caminho de Mrs. Lovett (Helena Bohan Carter), dona de uma loja de tortas embaixo de sua antiga barbearia. Logo entram em uma sociedade um tanto quanto macabra, mas também um pouco fácil de se deduzir desde o início. A Lovett falta carne para recheio de suas tortas. A Todd sobram corpos no caminho de suas navalhas. A sociedade entre a barbearia e as tortas de carne em pouco tempo se torna extremamente lucrativa. Com uma condição: São mortos somente os que ninguém sentirá falta, e apenas até que sua vingança finalmente se realize. Ora, a matança tem que ter algum sentido, não?
Alan Rickman é o juiz Turpin, transgressor, invejoso, e pervertido. Aquele que prende Todd injustamente por querer as duas mulheres do pobre barbeiro, e mantém Johana (filha de Todd) presa em sua casa, sob sua custódia e cobiça. E é claro, aquele a quem Todd tanto deseja dar boas navalhadas assim que puder.
Como o legítimo musical que é, tem praticamente todos os diálogos cantados (diga-se de passagem, o Depp está maravilhosamente bem, mas a Bohan Carter dá um verdadeiro show. Que, em minha opinião, deveria ter sido indicado ao oscar de melhor atriz coadjuvante). Sem, contudo, as musiquinhas cansarem seus ouvidos ou você se sentir incomodado com tanta cantoria (A não ser talvez pelo pobre Anthony que apanha, toma chicotada, cai na calçada e mesmo assim levanta e continua cantando por Johana. Esse aí eu achei um pouco forçado...).
Todd é dominado pela solidão, depressão, cegueira pela mulher amada, e tem uma amizade tal com suas navalhas que é como se elas fossem extensão de suas mãos ("Agora sim meus braços estão completos" diz ele ao reencontrá-las). Por isso em alguns momentos dá pra sentir um leve quê de nostalgia a Edward mãos-de-tesoura. Ainda mais se você, assim como eu, era aficcionada pelo Ed, e passou sua infância assistindo esse filme toda vez que passava na sessão da tarde (ou seja, semana sim, semana não).
Há muitas gargantas cortadas, cenas de fazer você querer fechar os olhos de ansiedade e/ou aflição, e outras que, acredite, são bem engraçadas. Com um final um tanto quanto previsível e ao mesmo tempo inesperado (se é que isso é possível), Sweeney Todd é um musical sério e ao mesmo tempo sem tanto compromisso. Angustiante e também de momentos leves. Um filme bastante equilibrado, com personagens totalmente desequilibrados.
Como qualquer outra parceria Depp-Burton, simplesmente magnífico. E que não pode deixar de ser visto por qualquer um que se diga admirador de um filme bem construído.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Deixa chover... Deixa a chuva molhar...

E hoje eu acordei e tava uma baita chuva...
Chuva é uma coisa engraçada...
Sempre gostei de admirá-la, desde criança.
Quando eu era ainda menor do que sou agora e chovia assim, pela manhã, eu ia pra varanda da minha casa e ficava por longos momentos olhando a água cair das nuvens...
As folhas e flores se refrescando, a água correndo pela rua...
Achava mágico como podia estar Sol no dia anterior e, no dia seguinte, a céu chorar dessa maneira...
Porque a chuva me lembrava, de certa forma, um choro... Em silêncio talvez... Ou talvez um choro bradado quando tem raios e trovões (desses eu tinha medo, parecia que as nuvens não estavam se dando muito bem).
E, às vezes, o Sol surge devagarzinho depois, tímido, e talvez seja nesse momento que eles façam as pazes, e a chuva pare de ser triste.
É, de vez em quando tem choro de nuvem alegre. Sabe, aquela de céu ainda claro, que dá vontade de você sair na rua, abrir os braços e deixar ela te lavar a alma.
Depois a gente cresce (poucos centímetros no meu caso), aprende o porquê de cair água das nuvens, acha que é alguém, e não vê mais a beleza e a magia que há na chuva.
E fica chateado quando chove porque vai ter que sair com aquele guarda-chuva preto horrível.
Ou porque: "Ai, vai estragar meu cabelo"...
Ou então: "Ai, vai estragar meu encontro"...
E aquele que estraga a magia dos outros: "Menina sai da chuva!!! Sai dessa varanda fria!!! Vai pegar uma gripe!!!"
(nota: Acredite, chuva não provoca gripe em ninguém)
Ou o pior de todos:
"Ai eu odeio chuva!
- Por quê?
- Ah, porque eu odeio oras! Precisa de motivo? Negócio mais chato! Num dá pra fazer nada!"
'-.-
Por algum acaso você é feito de açúcar?
E se é, aproveite!!! Corra para a chuva mais próxima e deixe que ela derreta você, deve ser uma ótima sensação... (falo sério)
Você já experimentou se desarmar contra a água??? Andar pela rua deixando que ela te molhe, que refresque seus pensamentos, lave suas preocupações, e te faça perceber que a vida não é esse bicho horroroso de cinco mil cabeças que você pensa que é, mesmo que seja por poucos momentos...
Quanto ao seu cabelo, se você não quer que ele seja do jeito que ele é realmente é, não é culpa da água...
E quanto ao seu encontro, sai com o namorado (marido/amante/ficante/paquera/sei lá mais o quê...) na chuva!!! Nunca fez isso?? Pois guarde seu guarda-chuva, ou ainda melhor, torça para ser pego de surpresa, naquelas chuvas de verão que surgem do nada, ande de mãos-dadas pelas poças, abraçe-o (ou -a) com a benção dos tão gostosos pingos d'água, beije-o (ou -a...) sob a chuva... É uma sensação inexplicavelmente maravilhosa... Falo por experiência própria...
E se você não consegue enxergar nada do que eu disse, e acha isso tudo uma baboseira sentimentalista e sonhadora... Bom, talvez seja... Até eu às vezes me chateio com a chuva.
Afinal, é uma droga deixar de ser criança e perder a capacidade de sempre ver magia em tudo (se tem uma coisa que eu gostaria de ter de volta da minha infância é isso).
Mas se, depois da chuva, surgir devagar aquele bonito Sol, e no céu aparecer um tímido arco-íris, e você não se encantar, não parar pelo menos por cinco segundos para admirar as lindas cores acima de você...
Preocupe-se com sua alma e coração.
De verdade.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Down em mim...


E tem dias que a gente acorda meio triste, meio carente, meio down, meio sei lá...
Meio barro, meio tijolo como diria minha sábia avó.
E aí o destino não colabora...
Tu levanta com o pé esquerdo, pisa no seu gato (eu não tenho gato, mas o que vale é a metáfora né... Tenha um pouco de boa vontade...)
E apertaram a pasta de dente pelo meio de novo, e o café já tá frio...
E teu namorado te dá um semi-bolo...
E você se sente sei lá... Meio sozinho na multidão...
Vai entender o porquê...
E dá até vontade de chorar sem motivo aparente, mas você não faz isso, se não seus amiguinhos chatos vão dizer que você é emo...
(Afinal, que problema é esse que as pessoas têm com os emos???)
Aí, pra não se sentir um ser qualquer jogado no cantinho, você faz o quê???
Vai pra internet!!!
Por quê??? Porque na internet você nunca tá sozinho e no orkut todo mundo é normal oras...
E aí você conversa com as letrinhas do msn,
E responde seus recadinhos,
E apaga os e-mails e recados pornôs que sempre recebe...
E a hora vai passando e vai passando, e acaba o que fazer...
E até a internet fica monótona...
E seu monitor olha pra você, e você olha pra ele, e já não rola uma química nem com ele...
E aí você começa a autistar sozinho...
De onde viemos???
Pra onde vamos???
Onde estarei daqui a 10 anos???
Será que ele realmente me ama???
O que minha mãe vai fazer pro almoço???
E afinal, como é que a meleca do milho vira pipoca???
(eu sei que é pela umidade que tem dentro, mas dá pra não dismistificar minha obcessão infantil???!!)
Aí, você que gosta de escrever, resolve compartilhar da sua pseudo crise existencial com o bloco de notas, que não é Toddynho, mas é um grande companheiro de aventuras...
(que trocadilho patético... ¬¬)
E acha que o texto não está lá tão ruim...
Mas isso não basta. Você tem que compartilhar com alguém.
E então o que você faz???
Tchan, tchan, tchan, tchaaaaaan...
Cria um blog é claro!!! Que idéia maravilhosa!!! Você é mesmo um gênio!!!
Não é à toa que passou no vestibular!!! Orgulho da mamãe e do papai!!!
Agora sim você é alguém no mundo!!!
E assim que nasce essa coisa ma-ra-vi-lho-sa que tá aqui...
'-.-
E você que tá lendo pensa assim: e o que eu tenho com isso???
E eu respondo:
(desculpe se soar grosso, juro que não é minha intenção...)
Ora pílulas, e eu que vou saber???
Eu não sei nem de mim... Vou saber de você???

... ^^ ...